Colocações Ensino Superior 2013 Desastrosas para os Cursos de Engenharia Civil
Os resultados do concurso nacional de acesso ao ensino superior público de 2013 são desastrosos para os Cursos de Engenharia Civil, com recordes de quedas no número de alunos colocados na 1ªfase em praticamente todas as universidades. A tendência negativa tem vindo a acentuar-se desde o ano letivo 2008/09, tendo-se registado uma descida de cerca de 84% no total de colocações, na 1ª fase, no ensino universitário e politécnico de Engenharia Civil desde essa altura.
O Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Matias Ramos atribui parte da culpa dos resultados à proliferação descontrolada de cursos com o nome de “engenharia” e à falta de estruturação adequada no desenvolvimento de cursos com empregabilidade fácil.
A lista completa dos resultados do concurso nacional de acesso ao ensino superior público de 2013 pode ser descarregada abaixo.
Fontes: Dados fornecidos por Fernando Pacheco Torgal; Ordem dos Engenheiros
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9 Setembro, 2013
Os resultados das colocações nos cursos de Engenharia Civil (E.C) só parcialmente reflectem a crise no sector da construção, pois na verdade os cursos de arquitectura (cujos diplomados também se destinam ao sector da construção) colocaram mais de 250% dos alunos dos cursos de E.C (sem contabilizar sequer os colocados nos cursos de arquitectura de interiores e de arquitectura paisagista).
O problema será portanto outro e poderá ter a ver não só com o actual e obsoleto perfil do curso de engenharia civil, como também com a sua imagem, percepcionada pelo público em geral como de baixa tecnologia (betão, tijolos, “patos bravos”, pedreiros etc etc etc), conforme já constatado noutros países há vários anos. Talvez seja por isso chegada a altura de quem de direito (o Colégio de E.C da OE no imediato e os responsáveis pelos cursos de E.C a médio e longo prazo) agir no sentido de “refrescar”, modernizar, reinventar este curso.
A urgência do presente problema é particularmente evidente em face da comparação com os resultados das colocações de outros cursos, de empregabilidade inferior. Merece destaque a comparação entre os escassos 256 alunos que foram colocados nos cursos de E.C e os 1195 alunos colocados em cursos de Direito ou por exemplo com os 1130 colocados em cursos de Gestão e nem sequer incluo nestes os colocados nos cursos de gestão industrial, gestão artística gestão bancaria, gestão de RH, gestão hoteleira, gestão turística, gestão do lazer, gestão do património etc etc etc. É muito provável que estes alunos (ou os pais deles) não tenham tido conhecimento de um recente relatório sobre a empregabilidade dos cursos do ensino superior, o qual mostra entre outras coisas, que a área das ciências empresariais é (a par com a área da formação de professores) uma das áreas de formação com maior número de diplomados desempregados.
26 Setembro, 2013
[…] Os números da segunda fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público de 2013, para os Cursos de Engenharia Civil, prosseguiram a tendência descendente já verificada na primeira fase, com uma queda significativa, de cerca de 24%, no número de colocados relativamente a 2012. A única exceção no Ensino Universitário foi o curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), com uma subida de 31% no número de colocados, apesar da queda de 32% verificada na primeira fase de colocações de 2013 no Ensino Superior. […]
27 Outubro, 2014
O sector da construção foi o mais afetado pela crise financeira que se abateu sobre Portugal. O tombo só não foi Catastrófico, porque os Portugueses são muito versáteis e tanto empresas como profissionais procuraram rapidamente novas oportunidades no exterior.
Muitas empresas foram capazes de se adaptar à nova realidade e procurar novos mercados e dessa forma direccionar recursos, tanto humanos como materiais, para o exterior. Só assim muitas industrias puderam continuar a existir através da exportação! Os que não foram capazes disso, fecharam portas, ou estão agora no desemprego porque não são capazes de deixar o país por diversas razões!
Ainda assim existem perto de 1000 Engenheiros Civis inscritos no IEFP, à espera de uma oportunidade na sua especialidade, existem outros tantos estão empregados em lugares que nada têm a ver com a engenharia civil e os restantes foram para fora do país, porque simplesmente não têm ofertas cá!
Os poucos profissionais que nos dias de hoje conseguem emprego em Portugal, são mal pagos, alguns a 500€ para trabalharem 10h/12h por dia com grandes responsabilidades e muitas vezes gerindo o negócio do seu patrão, são explorados, ganhando menos até que um simples servente que trabalha 8h por dia e não se responsabiliza por nada.
Esta é a realidade do Engenheiro civil Junior em Portugal, esta é a realidade que deveria ser divulgada!
Porque ninguem gosta de dispensar 5 ou mais anos da sua vida estudando para um curso que não dá garantias de emprego ou então dá acesso a um emprego precario, para depois ser ainda ridicularizado por quem nunca estudou na vida, nunca investiu no seu futuro lhe atirar à cara que nunca o fez e ganha ainda mais que ele.
Muitos Engenheiros poderiam ter-se dedicado à serventia, passar a trolha e hoje, ao fim de 5 ou mais anos, serem chefes de equipa e ganharam mais do que alguns engenheiros empregados em Portugal em menos horas de trabalho e menos responsabilidades, esta é a realidade!
Olhando para estes factos ainda me admira como ainda existem candidatos!