Construção e Sustentabilidade
A Associação Nacional de Conservação da Natureza (QUERCUS), Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios (ICOMOS) e o Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico (GECoRPA), em parceira com o Programa Gulbenkian Ambiente, organizam no dia 18 de Outubro de 2010 no auditório 3 da sede da Fundação Gulbenkian, em Lisboa o encontro “Património Natural e Cultural: Construção e Sustentabilidade!”, com o objectivo de promover a salvaguarda do património natural e cultural como via para a sustentabilidade no ordenamento do território e na construção.
O evento tem como principal objectivo abordar os impactos da construção, das opções estratégicas e sectores de actividade a si associadas, sobre os patrimónios natural e cultural, nomeadamente na sua vertente património construído a proteger. Além disso pretende demonstrar que as estratégias tendentes a conservar o património natural e a reabilitar e valorizar o património construído contribuem, simultaneamente, para a sustentabilidade do sector da construção e sustentabilidade de soluções construtivas, em particular, e para o desenvolvimento sustentável do País, em geral.
Os destinatários apontados incluem os decisores e agentes ligados ao ordenamento do território, planeamento urbano, construção e gestão do edificado e da infra-estrutura, arquitectos, engenheiros civis, economistas, promotores, gestores de obras, empreiteiros e formadores, interessados em contribuir, na sua esfera de actividade, para uma melhor aplicação dos princípios do desenvolvimento sustentável e regeneração urbana sustentável.
Em 1972, a Convenção para a Protecção do Património Mundial Cultural e Natural formalizou a fusão entre dois movimentos que, até então, se propunham promover, separadamente, a salvaguarda dos monumentos e sítios de interesse cultural, por um lado, e a conservação da natureza, por outro. No preâmbulo do texto dessa convenção reconhece-se que a evolução da vida social e económica contribui para acelerar a degradação do património cultural e do património natural, agravando as ameaças de destruição que sobre eles impendem.
A construção é, reconhecidamente, uma das actividades humanas com maior impacto, quer sobre o património cultural, quer sobre o património natural. Em relação ao primeiro, o impacto da construção faz-se sentir em particular sobre a cidade antiga, os centros históricos e o próprio ambiente construído. De facto, a demolição e substituição dos edifícios antigos dos centros urbanos contribui para a sua progressiva descaracterização e desvalorização. É a “alma” desses centros que se perde e, com ela, um conjunto de referências identitárias essenciais.
O impacto da construção sobre o património natural associado às novas urbanizações e infra-estruturas faz-se sentir em diversas frentes, desde a ocupação irreversível de solo virgem, com a consequente perda de biodiversidade e degradação da paisagem, até à produção, transporte e deposição (na maior parte, sem controlo) de um grande volume de resíduos.
A construção envolve o consumo de enormes quantidades de matérias-primas e de energia.
Metade dos recursos materiais extraídos da natureza está relacionada com a construção.
Em Portugal, várias dezenas de milhões de toneladas de inertes utilizados na construção são extraídos em pedreiras, nas praias e em leitos de rios. O fabrico industrial de materiais como o cimento, além da extracção da pedra em pedreiras, obriga ao consumo de grandes quantidades de energia, proveniente de combustíveis fósseis.
Hoje reconhece-se que, além do seu valor intrínseco, o património cultural e o património natural constituem importantes factores de competitividade das regiões, capazes de potenciar um vasto conjunto de actividades compatíveis com os princípios do desenvolvimento sustentável, desde a gestão e manutenção das próprias áreas e locais protegidos, até à exploração de uma panóplia de produtos e serviços a eles associados, passando pelas actividades da sua salvaguarda. Juntamente com os recursos humanos, o património cultural e o património natural constituem os principais activos do País. É essencial que sejam geridos de modo sábio e sustentável.
O edificado urbano corrente do País (cerca de 3,5 milhões de edifícios) constitui, ele próprio, um importante recurso económico de que importa tirar o melhor partido. Representa a principal parcela do capital fixo do País, que nele tem investidas várias centenas de milhares de milhões de Euros. Mesmo de um ponto de vista estritamente económico, é irrealista pensar em demolir os edifícios existentes e substituí-los por novos, por melhores que sejam as mais recentes tecnologias para conceber edifícios “amigos do ambiente”.
Foi neste contexto que a OCDE lançou, em 1998, o seu projecto para a construção sustentável. Na sua actual fase, este projecto coloca o enfoque no uso sustentável do stock construído, com o objectivo de promover políticas que contribuam para aumentar a vida útil efectiva dos edifícios, habilitando-os a ir ao encontro, com maior flexibilidade, dos requisitos económicos, sociais e ambientais.
INSCRIÇÕES:
Ficha de inscrição: http://construcaosustentavel.gecorpa.pt/
E-mail: construcaosustentavel@gecorpa.pt
GECoRPA – Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património
Arquitectónico
Rua Pedro Nunes, 27 – 1.º Esq. 1050-170 Lisboa
Tel.: 213 542 336; Fax: 213 157 996. E-mail: info@gecorpa.pt
Lisboa, Julho de 2010
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25 Agosto, 2010
Um vasto leque de especialistas. Parece-me especialmente interessante a temática da durabilidade dos materiais de construção e da forma como isso contribui para a sustentabilidade e desempenho ambiental global de uma estrutura.