A Totalidade dos Cursos de Engenharia Civil Ficou com Vagas por Preencher
Os resultados da terceira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público de 2013 são arrasadores para os cursos de Engenharia Civil a nível nacional, ficando a totalidade das Universidades e Institutos Politécnicos com vagas por preencher. Incrivelmente a Universidade de Coimbra, Instituto Superior Técnico, Universidade do Minho, Universidade da Beira Interior, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Universidade do Algarve não tiveram qualquer colocado em Engenharia Civil. As únicas exceções, no Ensino Universitário, foram a Universidade do Porto, com 5 colocados e a Universidade de Aveiro e Universidade Nova, com apenas 1 colocado cada.
No Ensino Politécnico o panorama não foi muito diferente com quase todos os cursos a não terem qualquer vaga preenchida. As exceções foram o Instituto Politécnico de Lisboa com 2 colocados e o Instituto Politécnico do Porto com 1 colocado.
Na área das Engenharia e Técnicas Afins, das 9022 vagas disponíveis, apenas 6708 foram preenchidas nas três fases do concurso nacional de acesso ao ensino superior público e na área da Arquitetura e Construção houve 1254 colocados para 2298 vagas disponíveis, um reflexo claro da crise profunda no setor da construção em Portugal.
A lista completa dos resultados da 3ªfase do concurso nacional de acesso ao ensino superior público de 2013 pode ser descarregada abaixo.
Fonte: Dados fornecidos por Fernando Pacheco Torgal
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12 Outubro, 2013
Tenha-se presente que os cursos de engenharia civil colocaram pouco mais de quatro centenas de alunos, o que representa apenas metade dos colocados nos cursos de Arquitectura. Isto significa que a propalada “crise no sector da construção” afecta de forma mais profunda a Engenharia Civil e muito menos a Arquitectura, tornando-se assim necessário perceber o porquê desta situação.
Desde logo a obrigatoriedade das provas de matemática e física permite explicar parte do problema. E neste ponto não partilho da opinião sobre a obrigatoriedade das mesmas pois para mim essa não é uma evidência pedagógica, desde logo porque se é evidente que a matemática é nuclear e fulcral está no entanto por demonstrar que a física seja mais importante do que a química, que pessoalmente entendo muitíssimo mais importante.
Até porque muitos cursos de engenharia civil em países muitíssimo mais desenvolvidos que o nosso só exigem a prova de matemática. Além disso num tempo em que as chamadas soft skills dos futuros engenheiros tem importância (proporcionalmente) crescente o referido requisito constitui a meu ver um retrocesso, só eventualmente admissível nalguns escolas onde houvesse necessidade de refinar um (agora inexistente) excesso de procura.
Passe o exagero da comparação é quase como se os cursos de Medicina exigissem como requisito básico que os candidatos demonstrassem uma aptidão para a cirurgia.
12 Outubro, 2013
Eu pelo contrário penso que devemos ser ainda mais exigentes pois os alunos que chegam às Universidades apresentam cada vez mais deficiências formativas. Assim acho que devem ser obrigatórias para além das provas de matemática, física as de Português e Inglês pois é inadmissível que um Engenheiro não fale e escreva Português de forma imaculada e também que tenha elevados conhecimentos de Inglês pois de outro modo será incapaz sequer de ter acesso à literatura científica mais recente. Razão tem os Estados Unidos onde os cursos de engenharia tem disciplinas de Humanidades, já por cá é absolutamente normal teremos engenheiros que nem sequer sabem escrever Português.
12 Outubro, 2013
Talvez seja mais avisado que cada instituição defina os requisitos mais consentâneos com os seus próprios patamares de exigência interna até porque não faz sentido que os requisitos para a frequência de um Mestrado Integrado em Engenharia no IST sejam os mesmos que são exigidos a quem vá frequentar uma licenciatura em Engenharia num Politécnico, grau de ensino que convém recordar (a quem esteja esquecido) “fornece aos estudantes conhecimentos de base nas áreas científicas do curso e competências instrumentais e sistémicas importantes para a sua empregabilidade imediata…”.
13 Outubro, 2013
Como a maioria dos diplomados deste curso vão trabalhar no estrangeiro, o que faz sentido é que as regras de acesso e mesmo as disciplinas deste curso sejam o mais similares possíveis aquilo que sucede com a maioria dos cursos de engenharia civil lá fora.
21 Outubro, 2013
A notícia com data de 15 de Outubro no link abaixo está em linha com aquilo que sugeri no meu comentário de 12 de Outubro:
http://economico.sapo.pt/noticias/universidades-querem-passar-a-escolher-os-seus-alunos_179299.html