Um edifício com ventilação natural inspirado em ninhos de térmitas
O Eastgate Centre é um dos maiores edifícios comerciais do Zimbabwe e também um dos mais inovadores, tendo sido verdadeiramente revolucionário quando construído, na década de 90, devido ao seu sofisticado sistema de ventilação natural, inspirado em ninhos de térmitas.
Dimensionado pelo arquiteto Zimbabueano Mick Pearce, em 1991, teve como premissa principal de projeto, a dispensa total do uso de sistemas de ar condicionado, na ventilação e arrefecimento do edifício. Este objetivo aparentemente impossível de atingir, mesmo tendo em conta o clima relativamente moderado daquele país do Sul de África, foi conseguido graças ao recurso a um revolucionário sistema de ventilação natural.
O edifício, construído no centro de Harare, é considerado um dos primeiros do mundo a utilizar controlo passivo de temperatura e ambiente interior, com tal nível de sofisticação. Para tal, foi aproveitado o facto de existir, na Capital Zimbabueana, uma amplitude térmica diária que pode atingir os 14ºC.
Um dos aspetos especialmente interessantes desta obra, foi o facto de o projetista ter ido buscar inspiração aos ninhos de térmitas, para a conceção dos sistemas passivos de ventilação e controlo de temperatura. Estas estruturas naturais, que podem atingir quase 10 metros de altura, possuem elevada inércia térmica e são construídas com pequenos orifícios que atravessam as suas paredes. Os orifícios permitem que o ar circule livremente pelo interior do ninho, mantendo as temperaturas baixas.
Esta abordagem bio mimética conduziu a que o Eastgate Centre fosse construído com elementos de betão armado de elevada inércia térmica, o que permite que o edifício pode absorver calor sem que a sua temperatura interior seja demasiado afetada. Isto permite, juntamente com o recurso ao uso de janelas de pequenas dimensões e existência de palas de sombreamento, reduzir os ganhos de calor durante o dia e aumentar as perdas de calor durante a noite.
Na base do edifício, entradas de ar permitem que o ar frio noturno entre pelo edifício e circule livremente pelos vários pisos. Durante o dia, o ar quente que penetra no edifício, é conduzido através de um sistema de ductos, até ao topo da estrutura, sendo evacuado através do conjunto chaminés existentes na cobertura.
O sofisticado sistema passivo permite que o Eastgate Centre tenha um consumo energético 35% inferior ao de edifícios correntes com as mesmas dimensões.
Fonte: EngenhariaCivil.com; National Geographic
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