Resultados da Última Fase de Candidatura ao Ensino Superior Confirmam 2014 Como Ano Negro para a Engenharia Civil Portuguesa
Os resultados da Terceira Fase de Candidatura ao Ensino Superior Público de 2014 confirmam este ano como o pior, de que há memória, para o ensino universitário e politécnico de Engenharia Civil em Portugal. A nível nacional foram colocados, nas três fases, apenas 316 candidatos em Universidades (302) e Institutos Politécnicos (14), valores significativamente piores que os registados em 2013.
Mas tão preocupante como o reduzido número de colocados foi a heterogeneidade da sua distribuição pelos Departamentos de Engenharia Civil, ficando Porto e Lisboa com a grande fatia dos colocados. No seu conjunto, coube ao Instituto Superior Técnico (IST) e à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) cerca 82% do total de vagas preenchidas, sendo estas as duas únicas instituições de ensino superior com ocupação relevante.
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que tradicionalmente se situava, em número de colocações, muito próxima do IST e FEUP, teve este ano resultados ruinosos, com apenas 11 vagas preenchidas em Engenharia Civil, sendo largamente ultrapassada pela Universidade Nova de Lisboa, que teve 23 vagas preenchidas.
A Universidade de Aveiro (que conseguiu o maior número de vagas preenchidas a nível nacional na terceira fase, com 4 candidatos colocados), a Universidade do Minho e a Universidade da Beira Interior registaram, nas três fases de concurso, respetivamente, 10, 8 e 1 vagas preenchidas.
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Universidade de Évora não tiveram qualquer vaga preenchida em qualquer das fases do concurso.
No ensino politécnico os resultados foram igualmente maus, com o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), o Instituto Politécnico do Porto (IPP), o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) e o Instituto Politécnico de Faro (IPF) a terem, respetivamente, 8,1,2,2 e 1 vagas preenchidas nas três fases do concurso. As restantes instituições de ensino politécnico ficaram sem qualquer colocação.
Dados Fornecidos por F. Pacheco Torgal
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10 Outubro, 2014
Só tenho de ficar satisfeito, para mim quantos menos melhor. Desde que não percamos na legislação (se é quem entendem), só temos a ganhar. Os poucos jovens que têm aptidão para engenharias agora querem tecnologias, nada de estranho, é no mundo todo assim. Mas por quantos mais anos estas faculdades do interior sem colocação consecutivamente ficarão abertas?
11 Outubro, 2014
lamento que o Rui tenha essa opinião a qual parece esquecer que a prazo é o prestígio do curso que está em causa. E que por este caminho qualquer dia ser engenheiro civil seja tão atractivo como ser pedreiro.
11 Outubro, 2014
Sejamos realistas. Se perdemos prestigio foi devido a haver maior numero de engenheiros do que nos seria ideal, o que levou às consequências directas que conhecemos. O valor do produto vê-se pelo rácio procura/oferta, o prestigio é algo que vem com o valor, e só se dá o devido valor às coisas quando elas faltam. Na prática de nada lhe serve o prestigio.
13 Outubro, 2014
Se perdemos prestigio foi porque o curso não se adaptou e tem a mesma estrutura que tinha há 20 anos atrás. Compare o que se faz cá com o que se faz no Imperial College. Aliás compare a qualidade dos nosso Professores com os de lá e verá onde começou o problema. Cá temos Professores no topo da carreira que lá não os queriam nem para monitores.
13 Outubro, 2014
O descredito da profissão deve-se essencialmente à substituição dos engs civis por outros tecnicos, sejam engs tecnicos, construtores civis e arquitectos; os quais têm uma formação muito baixa e fez com que não se valorizasse esta profissão ou seja a tendência foi nivelar por baixo, e assim os verdadeiros profissionais tiveram de concorrer com o baixo nivel, não com a excelência, não valendo a pena grandes exigências, pois ao virar da esquina, outro concorrente qualquer baixa a qualidade. Assim os engs lutam apenas para sobreviver, cuja imagem social está desvalorizada. Por este caminho no futuro o engenheiro civil será necessario em casos muito especiais, e se calhar uns 80 a 180 servem todo o País. A opção será criar uma estrategia que promova a qualidade ou seja defina o acto do engenheiro civil, assim como por exemplo há o acto medico.
14 Outubro, 2014
A versão do Jaime é desmentida pela prática. A pior altura em termos de concorrência desleal para os engenheiros civis foi enquanto vigorou o dec lei 73/73, quando agentes técnicos e até construtores civis diplomados podiam fazer projectos de estruturas. Contudo nessa altura também os engs civis podiam fazer/assinar projectos de arquitectura sem que tivessem andado 5 anos a aprender arquitectura. Com a revogação do 73/73 essa desculpa já não serve. Mas é óbvio que o número de engs civis e engs téc civis é agora muito maior e o mercado dos projectos é agora muitíssimo menor. Só a evolução da engenharia civil para patamares de complexidade superior pode ajudar a alargar o âmbito da intervenção desta profissão, para lá dos rotineiros projectos de estabilidade. A eficiência energética de edifícios é uma dessas áreas. Qualquer pateta faz um projecto de estabilidade mas poucos fazem cálculos de eficiência energética. Se os engs civis querem começar a ter mais mercado e a ser mais valorizados tem de começara oferecer um serviço com mais valor acrescentado que outras classes profissionais não conseguem providenciar.
14 Outubro, 2014
Concordo com a Andreia. É completamente irrealista esperar (como espera o Jaime) que o Governo vá fazer legislação para que a engenharia civil ficasse na mão de 80-180 engenheiros civis ! E dizer que a engenharia civil é só para casos muito especiais adianta nada. A questão passa por saber que serviços podem os engenheiros civis oferecer à sociedade ? O que precisam as pessoas que os engenheiros civis podem oferecer ? A curto prazo só me lembro, como disse a Andreia, da eficiência energética. Mas para mim a eficiência energética vista só da óptica do projectozinho vale pouco. As pessoas só começarão a dar importância à eficiência energética quando ela se traduzir em menores contas da EDP !
14 Outubro, 2014
Concordo com o Pedro Sacramento a eficiência energética interessa pouco se for só para meter o projectozinho na Câmara ou se for só para o imóvel poder ter um certificado energético. É preciso muito mais do que isso. Só que lá está durante toda a licenciatura de engenharia civil quantas cadeiras tiveram a ver com a eficiência energética ? Uma ? Por outro lado o curso de eng civil está cheio de cadeiras que praticamente pouca utilidade tem. O seu objectivo é apenas para o Professor X ou Y poderem falar das suas investigações em áreas que não interessam ao careca. Nos cursos de eng dos EUA os alunos escolhem uma parte substancial das cadeiras enquanto que aqui tem de engolir um currículo formatado com a mesma estrutura de há 30 anos atrás.
14 Outubro, 2014
O Jaime disse uma coisa que é incontornável. Espero que estejam atentos às recentes propostas do governo sobre as classificações mínimas no sector da construção, e no que diz respeito à direcção e fiscalização de obra, querem cimentar a concorrência de outros profissionais que não têm qualificações para o efeito, nomeadamente arquitectos. Eu formei-me no ISEL, e posso dizer que tive 3 cadeiras na licenciatura ESPECIFICAMENTE para gestão e direcção de obras e mais uma no mestrado, fora as cadeiras de execução e processos que conhecemos. Quantas têm os arquitectos? Eu digo quantas: zero. E para quando o impedimento de alguém que não tenha formação base de eng civil faça higiene e segurança numa obra? São pequenas coisas que faziam toda a diferença.
14 Outubro, 2014
Não está em causa que as categorias profissionais estejam alinhadas com as suas competencias. Mas os engs civis tem pouco para reclamar dos arquitectos se ainda agora a ORDEM DOS Eng propos ao Governo que os engenheiros possam continuar a fazer arquitectura. Isso é uma aberração. Contudo o Jaime disse algo muito menos verosimel que o país precisa apenas de uma a duas centenas de engenheiros civis. Algo que é incomentável. Por outro lado acho que se a classe dos engs civis vive na esperança das obras mais vale emigrar. Este país faliu e obras em barda como antes havia também se acabaram. Portanto ou os engs civis podem oferecer mais do que projectos de estabilidade e fiscalização de obras ou é melhor irem todos para Angola ou para as Arábias.
15 Outubro, 2014
Infelizmente a OE é tudo menos coerente nas suas atitudes, essa que a Andreia referiu é a ultima duma Ordem que pouco ou nada nos protege. Mas um país nunca deixa de ter obras, as coisas vão-se degradando e é necessário refazê-las e actualizar as existentes – Lisboa está a cair, agora se qualquer um poder fazer as coisas torna-se complicado sim. Mesmo falando na eficiência energética, já viu quem as pode fazer também? Demasiada concorrência e de fraca qualidade. E já agora, onde estão as iniciativas por parte da OE para alguma legislação séria relativamente à reabilitação? Está entregue a empresas a operar ilegalmente.
Mas não saindo do tópico, estas questões são alheias aos jovens que na altura de escolher o curso a maioria foge dos quais sabem que por tradição são mais difíceis. E os poucos que têm capacidade para tal estão mais inclinados para sectores mais tecnológicos como a mecânica e informáticas.
15 Outubro, 2014
Um dos maiores senão o maior problema da Ordem dos Engs é o de semore ter tido responsáveis que nunca trabalharam no privado, só funcionários públicos ou pessoas que trabalharam em empresas públicas. Verdadeiros engenheiros daqueles que diariamente tem de enfrentar a concorrência desleal de classes com menos habilitações é coisa que nunca houve na Ordem dos Engs.
16 Outubro, 2014
Parece que os comentadores não entendem o alcance das minhas ideias, pois trabalho como eng. há 28 anos, e posso constatar a evolução da profissão, e já corrigi inumeros casos dos ditos tecnicos. Quanto aos projectos de termica são uma falsa questão, pois não têm qualquer dificuldade, e são em regra fruto de programas de calculo automatico e podem ser elaborados por varias profissões, é uma simples folha de calculo elementar, até podiam ser dispensados nas obras correntes com simples disposições construtivas, afinal para que servem os verdadeiros engenheiros?. Quanto á revisão da qualificação profissional em curso na Assembleia da Republica, estamos conversados, pois cabe em exclusivo aos eng. civis a direcção e fiscalização de obras a partir da classe 6 (cerca de 6 milhões de euros). Ou seja os engenheiros têm competência para elaborar projectos de obras de arte, sejam elas pontes e barragens, mas não podem elaborar um simples projecto de uma moradia ou estábulo? Qual será a dificuldade? Não estamos perante uma obra de arte, mas sim uma obra!
18 Outubro, 2014
Espero mesmo não estarmos conversados em relação à direcção e fiscalização de obras, não cabe na cabeça de ninguém entregar a responsabilidade de execução seja de que obra for a alguém que não tenha formação para tal. A proposta (que acredito que será alterada para maior razoabilidade) põe engenheiros a concorrer com gente sem formação até aos 5,5 milhões em edificações! Ou o legislador não sabe o que significa classe de alvará ou a incompetência é de tal ordem que põe em risco a segurança das pessoas e bens. Sobre os projectos, penso que se está a referir à a arquitectura, sabemos que não há dificuldade, mas os tempos são de especialização e se existe alguém formado exclusivamente em arquitectura não faz sentido outros o fazerem. Infelizmente o mesmo teria de acontecer para as direcções e fiscalizações de obra o que não está a acontecer. E um estábulo não requer projecto de arquitectura até onde sei, é uma construção rural.