Prémio Ferry Borges 2010
A Associação Portuguesa de Engenharia de Estruturas (APEE), com a colaboração do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e da Ordem dos Engenheiros, promove a 7ª edição do Prémio Ferry Borges. A data limite de recepção de candidaturas é 16 de Abril de 2010.
REGULAMENTO
A. OBJECTIVOS
Os objectivos do “Prémio Ferry Borges”, instituído pela Associação
Portuguesa de Engenharia de Estruturas (APEE), com a colaboração do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e da Ordem dos
Engenheiros, são os seguintes:
a) Perpetuar a memória da acção do engenheiro investigador Júlio Ferry
Borges em prol da engenharia de estruturas portuguesa;
b) Promover o reconhecimento público da qualidade da engenharia de
estruturas portuguesa;
c) Incentivar o esforço da continuada superação dessa qualidade,
contribuindo assim para a divulgação e aceitação da engenharia de
estruturas portuguesa no país e no estrangeiro.
B. PRÉMIO
1. O “Prémio Ferry Borges” é atribuído a trabalhos de divulgação dos
conhecimentos no domínio da engenharia de estruturas, desenvolvidos
em ligação com entidades portuguesas.
2. A atribuição do “Prémio Ferry Borges” é feita bienalmente por um júri,
de entre um conjunto de trabalhos concorrentes.
3. O “Prémio Ferry Borges” é atribuído em duas modalidades:
a) Melhor trabalho publicado em língua portuguesa, inglesa, francesa ou
castelhana;
b) Melhor trabalho publicado na Revista Portuguesa de Engenharia de
Estruturas.
4. Em cada modalidade, o “Prémio Ferry Borges” consta de:
a) Um diploma a ser entregue em cerimónia pública aos autores dos
trabalhos premiados;
b) Uma quantia pecuniária no valor de € 4 000 (quatro mil euros) a ser
entregue aos autores do trabalho premiado na modalidade a) do
ponto 3.
c) Uma quantia pecuniária no valor de € 2 000 (dois mil euros) a ser
entregue aos autores do trabalho premiado na modalidade b) do
ponto 3.
5. Um trabalho premiado na alínea a) do ponto 3 não poderá ser
considerado para efeitos da alínea b) do referido ponto.
C. JÚRI
1. O júri do “Prémio Ferry Borges” é constituído por:
a) um Presidente designado conjuntamente pela Associação Portuguesa
de Engenharia de Estruturas, pelo Laboratório Nacional de
Engenharia Civil e pela Ordem dos Engenheiros;
b) cinco vogais, engenheiros civis especialistas em estruturas, designados
pelas seguintes entidades:
– Laboratório Nacional de Engenharia de Civil;
– Colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros;
– Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura do Instituto
Superior Técnico;
– Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto;
– Associação Portuguesa de Engenharia de Estruturas.
2. O Presidente tem voto de qualidade.
3. Não poderão ser candidatos trabalhos em que o autor ou algum dos
autores seja membro do júri.
D. TRABALHOS CANDIDATOS
Podem candidatar-se ao “Prémio Ferry Borges” trabalhos que,
conjuntamente:
a) se enquadrem no domínio da engenharia de estruturas;
b) tenham sido desenvolvidos em ligação com entidades portuguesas;
c) tenham sido publicados em 2008 e 2009;
d) o autor ou um dos autores, pelo menos, seja nacional de um País de
Língua Oficial Portuguesa.
E. ATRIBUIÇÃO DO PRÉMIO
1. O processo de atribuição do “Prémio Ferry Borges” é o seguinte:
a) os interessados apresentam as suas candidaturas até ao dia limite do
prazo fixado no anúncio do Prémio;
b) de entre as candidaturas, o júri nomeia um conjunto de até cinco
trabalhos em cada uma das modalidades;
c) do conjunto de trabalhos nomeados em cada modalidade, o júri
designa o trabalho premiado;
d) aos restantes trabalhos nomeados será atribuída uma menção
honrosa
§ único – Os trabalhos candidatos à modalidade referida na alínea b) do
ponto 3 da secção B deste Regulamento estão dispensados da
apresentação da candidatura, sendo considerados seleccionados se
não recusarem expressamente essa selecção.
2. As reuniões do júri são restritas aos membros que o compõem,
devendo das mesmas ser lavrada acta.
3. Todas as deliberações são tomadas por voto maioritário dos membros
presentes.
4. Todas as votações são feitas por voto secreto sempre que algum
membro do júri o requeira.
5. Das decisões do júri não há recurso.
6. A entrega do Prémio terá lugar em Cerimónia pública a organizar para
o efeito.
F. APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS
1. As candidaturas ao “Prémio Ferry Borges” deverão ser formalizadas
por via electrónica para o endereço apee@lnec.pt. Serão constituídas
pelos trabalhos, tal qual foram publicados, enviados no formato pdf.
2. No caso de trabalhos integrados em publicações onde se incluam
outros trabalhos, os candidatos deverão enviar também um fac-simile da
capa e do índice da publicação. No caso de trabalhos publicados apenas
on line deverá ser indicado a respectiva hiperligação.
3. Os trabalhos concorrentes terão um máximo de vinte e cinco páginas.
4. A todas as candidaturas será enviada uma mensagem electrónica,
acusando a recepção da candidatura e constituindo prova da sua
submissão.
G. RESPONSABILIDADES
1. É da exclusiva responsabilidade da Direcção da APEE, como entidade
organizadora, a resolução de eventuais dúvidas decorrentes da
aplicação do presente Regulamento, bem como a homologação das
decisões do júri.
2. A Direcção da APEE não aceita quaisquer responsabilidades
adicionais em relação às explicitamente assumidas neste Regulamento.
3. Pelo acto de se candidatarem, os autores aceitam integralmente o
conteúdo do presente Regulamento.
H. PATROCÍNIO
A atribuição do “Prémio Ferry Borges” pode ser patrocinada por
entidades financiadoras, mediante condições a acordar entre essas
entidades e a Direcção da APEE.
As acções de divulgação do Patrocínio ao Prémio por parte das
entidades patrocinadoras serão previamente acordadas entre essas
entidades e a Direcção da APEE.
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3 Março, 2010
Um apontamento bibliográfico sobre um dos maiores engenheiros estruturais de sempre no nosso país:
“Nascido em Lisboa, em 1922, concluiu em 1945 o curso de engenharia civil do Instituto Superior Técnico, tendo sido o aluno que obteve a mais alta classificação em qualquer dos cursos professados nesse Instituto no referido ano.
Em 1948/49 estagiou no Instituto de Cimento e Betão de Estocolmo, tendo efectuado estudos no domínio das estruturas e do betão armado.
A partir de 1943, ainda aluno, exerceu actividade no Centro de Estudos de Engenharia Civil, até esse centro ter sido integrado no Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Durante os anos lectivos de 1945/46 e 1946/47 desempenhou o cargo de assistente da cadeira de Matemáticas Gerais do Instituto Superior Técnico.
A partir de 1947 prestou serviço no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, desempenhando sucessivamente as funções de chefe da Secção de Estruturas (1959), chefe do Serviço de Edifícios e Pontes (1962), subdirector (1969), director (1974) e Presidente do Conselho Consultivo (1984).
Em 1954 obteve o grau de investigador do LNEC em concurso a que apresentou uma tese intitulada “Dimensionamento de Estruturas”.
Em 1955 foi nomeado vogal do Conselho Superior de Obras Públicas, tendo colaborado na elaboração de vários regulamentos e sendo incumbido da presidência das comissões relativas ao regulamento de solicitações em edifícios e pontes e de estruturas de betão armado e pré-esforçado.
Foi consultor do gabinete da Ponte sobre o Tejo. A sua acção desenvolveu-se sobretudo no campo estrutural, na concepção duma ponte rodoviária adaptável ao tráfego ferroviário e no desenvolvimento do método de cálculo.
Foi autor de vários projectos de estruturas de betão armado, construídos em Lisboa, nomeadamente, dos edifícios da lota do Porto de Pesca, do Palácio da Justiça, do Teatro Nacional e da sede do Banco Espírito Santo.
Participou na organização e regência de vários cursos internacionais que tiveram lugar no País: curso sobre a utilização de computadores em engenharia civil (1955), curso sobre aplicações da teoria estatística de extremos à engenharia (1967); curso sobre aplicação do método de elementos finitos na mecânica do contínuo (1971); curso de betão estrutural (1973); e curso ISPRA de fiabilidade estrutural (1989).
Responsável pela organização dos cursos de especialização organizados no LNEC, regeu, em colaboração, os seguintes: betão armado e pré-esforçado, segurança estrutural e engenharia sísmica.
Regeu vários cursos no estrangeiro, nomeadamente:
1. cursos de engenharia sísmica no Instituto Internacional de Engenharia Sísmica, Bergamo, (1967, 68, 69 e 71);
2. curso de segurança estrutural na Universidade de Berkeley (1970);
3. curso de segurança estrutural aplicado à engenharia sísmica no Instituto Internacional de Sismologia e Engenharia Sísmica, em Tóquio (1971);
4. curso de segurança estrutural na Escola Politécnica da Universidade de S. Paulo (1975).
Participou em vários júris para a concessão dos graus de especialista e de investigador no Laboratório Nacional de Engenharia Civil e para a concessão do grau de doutor na Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Liège, faculdade de Ciências Aplicadas, e Institutos de Ciências Aplicadas de Lyon e Toulouse. Em Maio de 1982 foi-lhe concedido, por proposta dos professores do Instituto Superior Técnico, o grau de Doutor honoris-causa pela Universidade Técnica de Lisboa. Em 1984, foi nomeado Conselheiro desta mesma Universidade. Em 1989 é-lhe concedido o grau de Professor honoris-causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1991 é-lhe concedido o grau de Doutor honoris-causa da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Como professor catedrático convidado do Instituto Superior Técnico leccionou as disciplinas de Fiabilidade Estrutural, Garantia da Qualidade e acções em Estruturas, nos cursos de mestrado em Engenharia Estrutural e em Construção organizados pelo mesmo Instituto, a partir de 1981. Ao abrigo do Convénio entre o LNEC e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, colaborou no curso de mestrado em construção organizado nesta Faculdade em l985/86.
Membro fundador de várias associações científicas portuguesas desempenhou funções de presidente da direcção da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica, do Grupo Português de Pré-Esforçado e do Grupo Português de Engenharia de Estruturas. Foi membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
Participou activamente em várias associações internacionais tendo nelas exercido as funções adiante descritas.
Membro do Conselho de Administração do Comité Euro-Internacional do Betão (CEB), foi eleito presidente em 1977, cargo que desempenhou até 1983, tendo então sido eleito presidente honorário.
Membro honorário do Instituto Americano do Betão (ACI), e da Associação Italiana para o Betão Armado e Pré-Esforçado (AICAP).
Relator do Comité Conjunto de Segurança Estrutural (JCSS) desde a sua criação em 1972, até 1985. Presidente do plenário do referido Comité de 1985 a 1989, tendo sido então eleito presidente honorário.
Director e vice-presidente da Associação Internacional de Engenharia Sísmica (IAEE) e vice-presidente da Associação Europeia de Engenharia Sísmica (EAEE).
Membro do Conselho Directivo e da Comissão de Programação do Conselho Internacional da Construção (CIB), membro do Conselho Geral da Reunião Internacional dos Laboratórios de Ensaios de Materiais e Estruturais (RILEM), e vice-presidente da Federação Internacional do Pré-Esforçado (FIP).
Vice-Presidente da Comissão I da Associação Internacional de Pontes e Estruturas (AIPE), foi nomeado membro de honra desta Associação em 1989.
Foi presidente da Secção Portuguesa da Societé des Ingénieurs et Scientifiques de França. Actuou como consultor da UNESCO em relação a problemas de engenharia sísmica e de política geral de protecção contra catástrofes.
Foi membro dos conselhos editoriais do International Journal of Slida and Structures, do International Journal of Earthquake Engineering and Structural Dynamics e da revista Structural Safety.
De 1986 a 1990 foi membro da Comissão para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia na Europa (CODEST) da Comissão das Comunidades Europeias. Na mesma Comissão pertenceu ao Conselho Directivo e ao Grupo Coordenador dos Eurocódigos. Em 1990 foi nomeado representante nacional no Comité-Técnico TC1, Resistência Mecânica e Estabilidade das Construções. Em 1991 foi eleito presidente da Comissão Portuguesa CT115 – Eurocódigos Estruturais.
Em 1992 foi eleito membro honorário da Academia Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro. Publicou isoladamente ou em colaboração mais de 170 trabalhos. Dentre as publicações há a destacar os textos dos cursos de segurança estrutural e de engenharia sísmica, editados em inglês. O curso de engenharia estrutural foi traduzido para romeno e publicado pela Editora Technicã em 1973. O curso de engenharia sísmica foi traduzido em russo e editado na União Soviética em 1978.
Preferiu conferências em várias instituições portuguesas e estrangeiras em cerca de 20 países. A conferência Manuel Rocha, proferida em 1984, veio a dar origem ao Curso sobre Qualidade na Construção publicado no mesmo ano.
Participou em mais de uma centena de simpósios, encontros e congressos, nacionais e estrangeiros, tendo desempenhado em vários as funções de organizador, relator e presidente de sessões. Pertenceu ao Conselho Científico dum Encontro em sua homenagem sobre Estudos Avançados em Betão Estrutural, o qual teve em vista comemorar o XX Aniversário do Curso Internacional sobre Betão Estrutural do CEB realizado em Lisboa em 1973.
Condecorado em Portugal com a Ordem de Santiago da Espada, no Brasil com a Ordem do Cruzeiro do Sul e em França com a Ordem Nacional do Mérito.
Faleceu em Setembro de 1993.
Em Março de 1995 foi-lhe atribuída, a título póstumo, a condecoração de grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Em Setembro de 1995, na Assembleia Plenária do CEB, em Berlim, foi decidida a criação do Prémio Ferry Borges.”
Fonte:LNEC